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A minha Londres

Desde a adolescência, pensava em conhecer Londres. Queria fazer a faculdade de Jornalismo e depois partir para capital britânica para estudar inglês.

Quero conhecer o mundo e sempre viajei muito dentro do Brasil, graças ao meu pai, que nos levou a conhecer grande parte do país e dar gosto para irmos além. Acabei cursando Direito e não Jornalismo. Sei lá porque não segui para Londres mesmo assim. Decidi, então, que a cidade seria a minha primeira experiência no exterior. Essa paixão por Londres é tanto pelo fato de ser uma cidade multicultural, cosmopolita, um dos maiores e mais populosos centros urbanos mundiais, como também, a capital do país que gerou grandes nomes do rock e é considerada a capital mundial da música pop. Importa destacar que não só a capital inglesa, mas o país e o Reino Unido me encantam pela música que fizeram e ainda fazem.

Sim, eu amo música e associo as coisas que gosto aos lugares de onde elas vêm. Pode parecer estranho, mas tenho essa mania. Sinceramente não sei dizer se a paixão por Londres se deve a música que sempre fez parte da minha vida, desde quando meu pai colocava os discos dos Beatles para tocar, quando eu tinha cinco anos ou, às características acima. Até já me disseram que posso ter vivido lá, em outra vida, diante da imensa identificação, curiosidade e desejo de lá ficar. Isso acontece com muitas pessoas. Conheço gente que ama o Japão, a Itália, a Irlanda, sem nunca ter ido ou mesmo sem ter nenhuma ligação por ascendência, por exemplo, o que despertaria o interesse em conhecer a terra dos avós, dos pais etc.

Pode ser um pouco de tudo ou não ter explicação. Afinal, para quê definir algo que remete ao sentimento? Já que este não se define, não se limita, ao contrário, deve ser experimentado e sentido? What difference does it make(*).

No final de 2011 decidi que iria passar férias em Londres. Combinei com uma prima e agendamos a viagem para março de 2012. Pensava se poderia me decepcionar, já que me informei tanto sobre o lugar desde sempre, mas na realidade poderia ser diferente. Tinha lido sobre a fama mentirosa de que ingleses são frios e o clima é horrível quase todo tempo, o que poderia me fazer querer correr de lá.  

A paixão que sinto por Londres se concretizou e voltei com a sensação de que o meu coração lá ficou. É emocionante ficar cara a cara com prédios, monumentos, paisagens, clima e sons, com os quais sempre sonhamos e vimos apenas por fotos ou pela televisão.


Foto tirada em 19.05.2013. Tower Bridge vista da Queen´s Walk
A paixão e a identificação preexistentes fizeram com que eu voltasse a Londres no ano seguinte e só! Já tinha “conhecido” um pouco a cidade, me sentiria segura lá e não queria arriscar uma viagem sozinha ao exterior para uma cidade totalmente desconhecida. E voltar para Londres é a tarefa mais fácil do mundo, mesmo quando queremos conhecer outros lugares. Parti ! A experiência foi ainda mais incrível por desbravar a cidade sozinha e ter certeza de que Londres é perfeita para isso também. 

Li muito antes da viagem, sobretudo, a respeito de locais que ainda não conhecia. E uma fonte de inspiração, não só para a viagem, mas para a criação do radar e reflexo, foi o blog Básico e Necessário (http://miblogito.blogspot.com.br/), da Helô Righetto - brasileira designer e jornalista que mora em Londres - e mostra o seu olhar sobre a cidade e os londrinos, além de dicas incríveis de literatura, exposições e viagens para outros cantos do mundo. 

Tentamos nos encontrar lá, mas não deu certo! De qualquer forma, eu mandei um e-mail para a Helô, contando sobre como foram os meus dias em Londres. Não esperava que ela se interessasse em publicar a minha experiência no blog dela. Agradeço a ela, por ter compartilhado uma experiência relatada sem pretensão alguma e que era apenas uma conversa sobre uma estada em Londres. Esse ato edificante despertou o meu interesse em falar mais sobre essa experiência e outras que terei por aí. E já preciso voltar a Londres para conhecer a Helô pessoalmente e, quem sabe, virarmos vizinhas aí?

Ter relatado a viagem por e-mail, fez com que eu escolhesse falar mais sobre ela num trabalho da pós. Essa narrativa de Londres foi feita em tópicos e relata alguns lugares visitados em minha segunda passagem pela cidade dos meus sonhos. Sempre gostei de escrever e sempre o fiz como advogada, mas o interesse em escrever diversas histórias sobre as minhas paixões, seja música ou Londres etc., era trabalhada há algum tempo e alguns amigos diziam para eu criar um blog, mas a narrativa foi o pontapé para a criação do Radar e Reflexo.

Vou dividir aqui a narrativa “A minha Londres” que é o meu olhar de viajante sobre a cidade, portanto, sob meu ponto de vista e as minhas emoções, não sendo um guia de viagem ou nada parecido, até porque o blog não é destinado a esse fim. A narrativa corresponde à viagem realizada em maio de 2013 e é dividida em sete tópicos, que surgirão em meio a outros textos a serem publicados no blog.

* frase título da música dos Smiths, banda inglesa que não é de Londres, mas da roqueira Manchester, que ainda visitarei. 

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